A Era da Tecnologia e o Mercado Angolano
- TechNerd
- 31 de ago. de 2017
- 3 min de leitura

É cada vez mais comum vermos crianças "peritas" desde bem cedo manuseando computadores, telefones inteligentes (Smartphones) e tabletes procurando os seus jogos favoritos, inclusive roubando as senhas dos pais para satisfazerem as suas necessidades "virtuais".
Em Angola, especialmente com a disseminação da internet de banda larga, precedida pela febre das redes socias, começando pelo messenger da hotmail, seguido do Hi5 e por último pelo sucesso mundial do Facebook, nos últimos 10-12 anos assistimos a uma explosão (para o padrão africano), da era tecnólogica e digital em Angola.
Começando pela batalha dos provedores e "facilitadores de internet", como a: TV Cabo, Net one, Movinet, a Unitel, Zap Fibra e etc... Passando pela venda dos dominadores dos acessos a internet, os telefones inteligentes, testificado claramente pela abertura recente duma loja da Apple no shopping Avennida: o mercado angolano já é merecedor da atenção dos gigantes da tecnologia. De certeza que nos próximos anos veremos outros e outras fabricantes de telemóveis e computadores abrindo filiais em Angola, e competindo no monopólio até agora mantido pela NCR e pela Sistec.
É obviamente um avanço significativo e gerador de receitas para os provedores de internet, para os clientes consumidores finais dos produtos e caminhamos certamente lado a lado com o mundo nesse século XXI do Facebook, Instagram, Twitter, Snapchat e outros...
Mas precisamos caminhar igualmente bem na educação e conscientização dos perigos que acompanham a era digital e da informação: tanto para os governantes, deputados e outros actores que decidem as políticas a adotar na implementação dessas tecnologias, bem como para os pais que nessa era são mais "leigos" que os filhos de 2 anos.
Os últimos acontecimentos de a 4-5 anos revelados por exemplo por Snowden, nos quais superpotências mundias interceptavam e decriptavam, ou pelo menos tentavam boa parte da informação (metadados, chamadas telefônicas, emails, mensagens de texto, chat e etc...) dos servidores das maiores empresas digitais como o Facebook, Google, Microsoft, Yahoo e outros, em que "todos" os dados sobre vocês, nós; estavam expostos, desde a vossa localização geográfica, o que comem, bebem e até a posição que dormem poderia ficar exposta se assim o quisessem, revelaram como a "união" e "convergência" da era digital; o Facebook por exemplo já está supostamente com quase 2 bilhões de utilizadores, está disponível para fins nobres e também para fins maliciosos.
Nunca na história da humanidade, foi possível nos tornarmos espiões sem sair de casa, ver pornografia sem ir a um "vídeo-clube", saber tudo sobre aquela que "amamos ou odiamos" sem vê-la sequer uma vez, ser quem quisermos inventando o perfil ideal... Vejam o programa Catfish da MTV para perceberem do que falo. Já não abordarei os pedófilos e por aí afora...

Recentemente foi levada uma campanha de registo dos números de telemóvel em Angola: qual era a finalidade? A informação que circula pelos milhares de cabos de fibra óptica todos os dias em Angola está segura? Quem se assegura que a informação que os provedores de internet encaminham e reencaminham não é ou está hackeada? As nossas chamadas e mensagens trocadas todos os dias usando os operadores de telecomunicações estão disponíveis para as autoridades se assim desejarem? Estão disponíveis para os próprios operadores de telecomunicações? Quem regula e fiscaliza? Que legislação existe sobre?
Bem, na temática acima torna-se óbvio que a carroça da tecnologia adiantou-se a consciência e ao conhecimento de que o uso inconsciente e emocionado da tecnologia, nos expõe e deixou-nos mais desprotegidos do que nunca. Sempre que nos conectamos, abrimos uma porta para as nossas casas, famílias e vida íntima e pessoal.
As pessoas em Angola que usam redes sociais, tecnologia e etc... deveriam antes de, saber o que é SSL (Secure Sockets Layer), HTTPS, pishing, talvez até perceber apenas o que significa estar online.

Obviamente a percepção errónea de que quem percebe de leis (juristas), não percebe de informática contribua directamente para o baixo nível de alfabetização, legislação e conhecimentos digitais no geral. Noutros países já existe discussão sobre se a invasão digital legalmente consentida (quando tem origem no próprio governo), já se enquadra na violação dos direitos humanos e fundamentais, mas nós apenas estamos preocupados em comprar os últimos telefones inteligentes e viver como se a nossa vida deles dependesse.
Está na hora de aceitarmos que a era digital para nós é uma realidade, e como tal deixarmos de lado emoções, lembrando-nos que a aparente liberdade, informação e conexão digitais, sempre acarretam consequências "nacionais".
É Melhor prevenir do que remediar.
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