Escolha de Curso Universitário em Angola: Que Caminho Seguir? Parte 1

É uma questão no qual todos os estudantes em Angola e pelo mundo afora se deparam cedo ou tarde: que caminho, carreira, curso escolher na formação superior?

Deverei procurar a carreira que mais empregos oferece? Aquela para o qual tenho maior tendências? Aquele cujo tio, irmão, amigo tem possibilidades de empregar-me mais facilmente? A carreira que os meus pais desejam ou sempre sonharam para mim? Ou aquela de que gosto?

São muitas questões e cuja definição por norma para o resto da vida é invariavelmente tomada muito cedo e cujo aconselhamento nem sempre é feito da maneira certa; se é que o fazem.

Naturalmente os progenitores (tutores ou quem quer que exerça a responsabilidade paternal e educacional), deseja que o futuro de seu filho seja brilhante academicamente e profissionalmente, obviamente associado ao sucesso financeiro, que é o fim principal. Nessa procura os pais normalmente se baseiam nas experiências pessoais, especialmente os que não puderam por motivos diversos formar-se: procuram que os filhos alcancem o que não conseguiram e que hoje serve como "consolação ou desculpa" para os sonhos não alcançados.

Nessa procura acabam transmitindo sinais voluntários ou involuntários aos filhos que muitas vezes decidem o que estudar baseados nos sonhos dos pais; "quando" são eles próprios a decidirem.

Convenhamos que no sistema educacional angolano, a dificuldade para conseguir ingressar nas escolas públicas desde a iniciação até os ensinos médio e superior são um grande problema para as pessoas com uma renda considerada baixa/ média. Passa pelo pagamento de "gasosas" para que o filho estude naquela escola decente próxima de casa, e nos ensinos superiores naquelas que têm os cursos desejados.

Quantos adolescentes enfretaram a decepcionante e triste experiência de sonhar estudar informática no médio numa escola como o Instituto Médio Industrial de Luanda (Makarenco), mas a mãe conseguiu lugar no PUNIV, sendo obrigado a estudar Ciências Socias ou Físicas e Biológicas? Quantos sonharam estudar Gestão de Empresas ou Contabilidade no IMEL/ IMEKK, mas a tia que era professora dava aulas no Alda Lara e apenas conseguiu lugar na escola técnica? Conseguir que os filhos estudem nas escolas com os cursos pretendidos é um grave/grande problema.

Noutro prisma a verdade é que muito cedo na sua curta vida os adolescentes são obrigados a decidir que formação fazer: aos 13-14 ao entrar para o médio, ou aos 17-18 ao entrar para a Universidade.

Normalmente o guia é o desejo dos pais, a admiração pelo professor/tio/ irmão ou o desejo de no futuro "ter" dinheiro. Era engraçado quando em conversas com rapazes de 12 anos perguntavas o que desejas estudar na universidade ou ser quando cresceres, e ele respondia: Ser ENGENHEIRO DE PETRÓLEOS. Mas do que ele gosta? Do cheiro a gasolina? Ou do logotipo da Sonangol? Era óbvio que a motivação era o dinheiro que provavelmente ouvira falar algures, sobre os formados nessa profissão.

Depois há as questões mais óbvias mencionadas na introdução e que obviamente dão o que pensar. Que curso escolher: aquele que no horizonte temporal oferece maiores quantidades de postos de trabalho? Aquele que o adolescente mais parece gostar? Aquele que os "tios" mais facilmente lhe poderão empregar? Aquele que pelas notas parecem ser a sua tendência? Ou aquele para o qual os progenitores conseguem um lugar decente para estudar?

Na segunda parte desse artigo abordaremos outras questões transversais e parelelas a temática da formação em Angola. Fique ligado.

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